terça-feira, 5 de junho de 2007

DE INSTRUMENTO PARA MEDIR O MUNDO A INSTRUMENTO PARA PENSAR AS MEDIDAS DO MUNDO

DE INSTRUMENTO PARA MEDIR O MUNDO A INSTRUMENTO PARA PENSAR AS MEDIDAS DO MUNDO

O voltímetro Tesla em exposição chegou ao Brasil no final da década de 1960, juntamente com outros equipamentos eletro-eletrônicos, vindos do Leste Europeu como fruto de acordos comerciais entre o Brasil e os países do Bloco Comunista. Eram utilizados como moeda em transações comerciais envolvendo gêneros alimentícios, produtos agrícolas etc.

Distribuídos pelo MEC, esses equipamentos, que algumas vezes chegavam a nós defasados tecnologicamente, foram utilizados para criar e equipar diversos laboratórios de escolas no Brasil. Na Escola Técnica Federal de Minas Gerais (antigo nome do CEFET-MG entre os anos de 1959-1978), tais equipamentos, entre eles o voltímetro Tesla, foram a base material para o surgimento do curso técnico de eletrônica, em 1969.

Nos laboratórios desse curso, o voltímetro Tesla serviu de instrumento para a formação de muitas gerações de técnicos na área de eletro-eletrônicos, tendo permanecido em uso por cerca de 30 anos. Podemos dizer que, desde que chegou aqui e apesar da defasagem tecnológica apontada por diferentes sujeitos que lidaram com o voltímetro, esse aparelho ganhou uma nova vida em Belo Horizonte, tendo sido apropriado para diferentes usos e finalidades.

O voltímetro Tesla (na verdade, um multímetro), quando criado na Europa, era originariamente um objeto técnico, pensado para uso em aplicações eletrônicas na área industrial. Foi transformado em moeda, em objeto comercial, ao ser usado para equilibrar as contas entre o Bloco Comunista do Leste Europeu e o Brasil. Aqui chegando, sofreu nova transformação, que ampliou a idéia original de sua aplicação. Seu uso superou a aplicação eletrônica direta: de objeto técnico, passou a ser um objeto escolar no curso técnico de eletrônica, através do qual pessoas poderiam fazer mediçôes, como seria utilizado na indústria; mas também aprender sobre como o aparelho funcionava para realizar essas medidas, sobre o que elas representavam, sobre o que estava sendo medido.

O uso pedagógico do Voltímetro Tesla nos permite explicitar e compreender como certos objetos, pensados para um uso específico – no caso, um objeto técnico – podem ser transformados, pela incorporação ao ambiente escolar, indo além de suas atribuições originais. De instrumentos para medir o mundo, tornam-se instrumentos para pensar as medidas do mundo. Um voltímetro, feito para medir tensões elétricas, torna-se ferramenta que leva ao raciocínio: o que é tensão elétrica? Como se mede esta tensão? O que isto representa? Qual a tecnologia que permite tal leitura? Como isto interage sobre nossa compreensão dos circuitos elétricos e eletrônicos?

Hoje, quando o Voltímetro Tesla parece não ter mais função, quer como objeto técnico, quer como objeto escolar, uma nova transformação está sendo produzida: ele se torna um objeto de exposição, a nos fazer pensar sobre sua materialidade, sobre sua história, sobre seus diferentes usos ao longo desses anos.

E além disso, convida-nos a pensar sobre a materialidade que ao mesmo tempo produz e é produzida pela escola, sobre a história do ensino técnico e do CEFET/MG, sobre o tempo e as mudanças na tecnologia; mas também sobre as permanências e as memórias que carregamos conosco.

Voltímetro Tesla: assim como um multímetro pode ter várias aplicações, este “Objeto do Mês” transformou-se, multifacetado. Hoje, você está sendo convidado a tranformá-lo novamente, ao construir a sua relação com ele. Que novidades poderão brotar desse encontro?

VISITE A EXPOSIÇÃO

“OBJETO DO MÊS – O VOLTÍMETRO TESLA”

HALL DO PRÉDIO ADMINISTRATIVO DO CAMPUS I - CEFETMG

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